Ministro Toffoli propõe plano de atuação do Judiciário na segurança pública

Você está visualizando atualmente Ministro Toffoli propõe plano de atuação do Judiciário na segurança pública
Compartilhe

Construir um plano eficiente e aperfeiçoado de atuação do Poder Judiciário na área da segurança pública. Foi com essa proposta à Justiça brasileira que o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, fez a abertura do Seminário “Políticas Judiciárias e Segurança Pública” nesta segunda-feira (25/2) na sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Esse plano buscará contemplar as necessidades e experiências de todos os atores envolvidos, desde a vítima até o magistrado, passando, é claro, pela sociedade brasileira e o que ela espera e precisa dos seus líderes e gestores”, disse o ministro. Organizado pelo CNJ, o seminário será realizado até terça-feira (26/2) e visa permitir a elaboração de diagnósticos e propostas para o aprimoramento das políticas judiciárias relacionadas às temáticas da segurança pública. A finalidade é buscar a maior eficiência no planejamento institucional e nas decisões judiciais.

Em seu pronunciamento, Dias Toffoli classificou a temática do evento como uma das mais relevantes e urgentes para o país, ressaltando que os graves problemas relacionados à violência afligem e atingem todos os extratos da sociedade. “O Poder Judiciário não pode ficar indiferente a tal quadro. Cabe também a nós, bem como às demais funções essenciais à Justiça, atuar para garantir a segurança pública e promover a pacificação social.”

Toffoli comentou que, na busca por soluções na área da segurança pública, alguns temas se sobressaem e citou trabalhos na área da inteligência no âmbito dos presídios, as cooperações nacionais e internacionais para a recuperação de ativos e cumprimento de decisões judiciais, as iniciativas para o combate a organizações criminosas e o plea bargain, todos, temas que serão debatidos no encontro.

Participaram da abertura do evento o ministro do STF, Alexandre Moraes; o corregedor do CNJ, ministro Humberto Martins; o presidente do STJ, João Otávio de Noronha; o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro; o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva; e a procuradora-Geral da República, Raquel Dodge.

Rumos na política criminal

O ministro Alexandre Moraes lembrou, em seu pronunciamento, que a gestão de Dias Toffoli à frente do CNJ criou uma comissão específica para tratar das questões relativas à segurança pública, sendo a realização do seminário uma das iniciativas desse grupo. “Não há segurança pública em nenhum lugar do mundo onde não houver participação efetiva do Poder Judiciário. O Poder Judiciário não é polícia e não faz papel de Ministério Público, mas dita os rumos da justiça criminal, por isso, é importante”, disse o ministro, que coordena o grupo.

Ele propôs uma aproximação maior entre instrumentos legais, processuais, administrativos e de inteligência, incluindo maior segurança para os magistrados e melhores instrumentos para que o trabalho da justiça criminal se aproxime dos órgãos de segurança.

O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, falou sobre o processo expansionista do direito penal. Segundo ele, a introdução de novos tipos penais e o agravamento dos já existentes exigem do Estado novas formas de atuação.

Para o ministro, não podem os operadores do Direito se limitarem a adotar uma postura de rejeição genérica da expansão dessa matéria, rotulando-a de irracional. “Se por um lado é inegável a existência de uma cada vez maior pressão midiática pelo endurecimento do direito penal, por outro, é evidente que há outros fatores sociais reais e pungentes que reclamam a expansão do direito penal a campos que antes lhe eram estranhos”, defendeu.  O desafio, segundo o corregedor, é reprimir as novas formas de criminalidade sem perder de vista os direitos fundamentais.

O anfitrião do evento e presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha, chamou a atenção para a necessidade de se colocar em prática efetiva as políticas públicas de prevenção e combate à criminalidade e à violência. “O mais importante: agora não se discute somente a segurança pública, mas a inserção, a participação do Judiciário no conjunto da política de segurança pública nacional. De nada adianta formular políticas públicas se o Judiciário, no seu julgamento e nas suas considerações, não as concretizar também como se faz necessário.”

Segurança e confiança nas autoridades

Entre as autoridades que compuseram a mesa de abertura do seminário, a procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, enfatizou que a abordagem da segurança pública abarca a confiança das pessoas nas autoridades e na capacidade do Estado em desconstituir as facções criminosas. Ela fez referência à catástrofe de Brumadinho, lembrando que o rompimento da barragem completou um mês. “Muitos cidadãos temem por suas vidas e aguardam das autoridades a confirmação sobre o risco de rompimento de novas barragens, clamam pela recuperação dos desaparecidos, pela recomposição dos danos e reparação das vidas. Esta é uma oportunidade para uma reflexão sobre segurança pública, seu conceito e as políticas necessárias para garanti-la.”

Nesta segunda-feira, o evento discute os temas “Cooperação institucional e atividades de inteligência” e “Cooperações nacionais e internacionais – recuperação de ativos e cumprimento de decisões judiciais”. Em uma contribuição para o debate e a reflexão dos assuntos relacionados à criminalidade e corrupção, o CNJ apresenta uma pesquisa sobre a relação entre a duração dos processos de corrupção e impunidade e sobre a relação entre o trabalho das instituições e a prescrição dos crimes intitulada “Justiça Criminal: prescrição e impunidade”.

O seminário prossegue nesta terça-feira colocando em discussão os painéis “Segurança dos fóruns e dos magistrados” “Varas (colegiadas) especializadas em organizações criminosas e lavagem de dinheiro” e “Processo penal e eficiência decisória em prol da segurança pública – plea bargain”.

Confira a programação completa do evento

Luciana Otoni
Agência CNJ de Notícias