Com olhos atentos e curiosos, dois grupos de adolescentes se juntaram aos visitantes do Theatro da Paz e do Museu da Imagem do Som, na manhã desta sexta-feira (4/7). Mas ao contrário do público rotineiro desses ambientes, em sua maioria turistas, para esses jovens, cumpridores de medida socioeducativa, a experiência foi mais que um passeio de férias escolares. Foi um reencontro com um de seus direitos fundamentais: a garantia do acesso à cultura.
“Achei legal a estrutura de madeira, a pintura. Eu gostaria de vir mais vezes. Me deu vontade até de ir lá no palco me apresentar. Gosto de teatro e queria me apresentar para todo mundo me ver”, disse, empolgada, a estudante do 1º ano J. S., 16 anos. Como nunca tinha estudado sobre o teatro antes, a adolescente ficou encantada com as simbologias escondidas nas pinturas do teto, do piso e das paredes. “Muitos de nós não percebemos essa cultura. Acabamos esquecendo a cultura do nosso estado”, disse.
As visitas também inspiraram a estudante do 1º ano L. S., 15 anos. “Gostei muito, já que é um sonho meu ser cantora. Já é mais um motivo para me inspirar”, declarou, após conferir de perto os artefatos da vida e obra do músico Tó Teixeira.
A agenda fez parte da programação do 4º Caminhos Literários da Socioeducação: Adolescências em Cena, iniciada na quinta-feira, 3. Promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o evento é uma série de atividades culturais desenvolvidas junto a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de todo o país, que estimula a criação de produtos audiovisuais e o acesso aos ambientes de cultura.
Vitrine
Na quinta-feira (3/7), um vídeo institucional com três produções audiovisuais de socioeducandos do Pará foi exibido durante a abertura da programação, com transmissão pelo Youtube para todo o país. O conteúdo produzido por adolescentes também será apresentado nos dias 8 e 9 de julho, por meio da plataforma Zoom, apenas para o público das 84 unidades socioeducativas.
Representaram o Pará o Centro Socioeducativo Feminino (Cesef), com a gravação de um videoclipe; o Centro de Internação de Adolescentes Masculino (Ciam Marabá), com a produção de um podcast; e a Unidade de Atendimento Socioeducativo (Uase) 2, com a criação de uma animação.
O programa Caminhos Literários no Socioeducativo pelo direito à Cultura é uma das estratégias desenvolvidas no escopo da ação de Fomento à Cultura do Programa Fazendo Justiça (CNJ/ PNUD). A ideia é promover a garantia do direito universal de acesso e produção de Cultura, que está intimamente relacionado ao direito à cidadania plena, lazer, educação e aos meios de comunicação social.
Acesso
Para Raquel Amarante, assistente técnica do CNJ no programa Fazendo Justiça, que acompanha a programação no Pará, atividades como essas são imprescindíveis. “Na realidade, a gente está tentando cada vez mais garantir esse direito à cultura de forma permanente dentro do sistema social educativo. Esse é um dos objetivos do programa Fazendo de Justiça e do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA)”.
Ela frisou ainda a participação dos jovens do Pará sempre se destaca no evento. “O Caminhos Literários da Socioeducação já está na sua quarta edição e todos os anos ele traz uma proposta diferente. Esse ano é uma proposta mais voltada para o audiovisual e para o cinema, onde os adolescentes tiveram diversas atividades nessa área. O estado do Pará sempre se destaca porque eu acho que é um estado de cultura muito forte, então todo ano tem um grande envolvimento na pauta da cultura”, ressaltou.
No Pará, a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa) desenvolveu uma série de atividades culturais nas Unidades de Atendimento Socioeducativo (Uases), entre os dias 12 e 17 de junho, desenvolvidas em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), por meio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, instalada dentro das unidades.