Homens em situação de violência se reúnem em grupo de psicoterapia

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Foto: Juliano Verardi/DICOM-DIMP
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J. não dá muitos detalhes, diz que bebeu, reconhece que agiu mal com a agora ex-mulher. “Foi uma briga, estava alcóolico, foi besteira minha, cabeça quente”, lembrava o homem de 32 anos, enquanto aguardava no 10ª andar do Foro Central I da Comarca de Porto Alegre o começo do grupo de psicoterapia (GP), do qual participa ao lado de outros homens em situação de violência.

A iniciativa da reunião – em que todos os participantes estão cumprindo medida protetiva – integra as ações do Projeto Borboleta realizadas no âmbito dos dois Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Alegre. Ainda um projeto-piloto, o GP acontece semanalmente com a coordenação do médico psiquiatra e escritor Nélio Tombini. Essa turma teve o quarto de seis encontros no dia 26 de outubro.

O grupo de psicoterapia, assim como os grupos reflexivos de gênero (GRG), é um dos tipos de encaminhamento cujo objetivo fundamentalmente reeducativo tem previsão na Lei Maria da Penha, com vistas ao combate à violência de gênero.

Psicóloga do TJRS, Ivete Machado Vargas explica a diferença. O GRG, implementado há mais tempo no 1º Juizado, tem caráter voltado à psicoeducação, através de reflexão sobre temas como masculinidade, gênero, comunicação não-violenta, parentalidade, entre outros. Já o grupo de psicoterapia é mais voltado à saúde mental. “São objetivos diferentes, embora não se invalidem”, sintetiza a profissional, agregando que é possível a participação nas duas atividades.

Fazer pensar

Sobre o Grupo, J. acrescenta que assistiu à primeira reunião em silêncio, mas já conseguiu conversar na seguinte. Está achando boa a possibilidade de ouvir e compartilhar experiências com o médico e os outros participantes. “O cara pensa mais um pouco”, disse de si mesmo. E pensar não faz mal, segundo Tombini. “A ideia do grupo é trazer um pouco de percepção, de insight, para que consigam entender de maneira um pouco diferente do porquê estão aqui, mudar um pouco da narrativa”, define o especialista, que assumiu voluntariamente a tarefa.

Fonte: TJRS

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