Como seria o Brasil se a Constituição tivesse contado com uma participação equitativa da população negra em sua construção? Esse é o exercício de imaginação proposto pela exposição “Constituinte do Brasil Possível”, que chega à sede do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta quarta-feira (6/8) , com entrada gratuita.
Exibida no hall do Plenário do CNJ, a mostra conta com obras de mais de 20 pessoas artistas negras, entre elas Abdias Nascimento, uma das maiores referências da cultura afro-brasileira, com a obra “Xangô Rei” (1998). A inauguração da mostra, restrita a convidados, será na terça-feira (5/8).
A mostra é aberta ao público até o dia 26 de setembro, das 11h às 19h, com possibilidade de agendamento de visitas mediadas para pessoas físicas, grupos informais e instituições. O local conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e monitores bilíngues (português e libras, e inglês e espanhol).
As obras convidam o público a refletir e imaginar, por meio de múltiplas linguagens artísticas, novos futuros e presentes possíveis. Além de 18 artistas que compuseram a primeira edição da mostra, no Rio de Janeiro, três artistas locais integram a exposição em Brasília:
- A ceilandense Pamella Wyla, com o quadro Tatara Nenê criou raiz (2024);
- O goianesiense Talles Lopes, autor da instalação Carne Seca (2023);
- O goiano Dalton Paula, referência da arte contemporânea e idealizador do projeto Sertão Negro, com a obra “Nilo Peçanha” (2013).
Arte e memória
A idealização e a curadoria são coletivas e contam com a participação da diretora Mariana Luiza; das professoras Ana Flávia Magalhães Pinto (UnB) e Thula Pires (PUC-Rio); e do arquivista e mestre em Museologia e Patrimônio, Yago Lima. Esta é a segunda edição da mostra – a primeira foi realizada em 2024, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro.
Em Brasília, a exposição é viabilizada pelo Programa Justiça Plural, parceria entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com apoio da secretária-geral do CNJ, Adriana Cruz, e da juíza auxiliar da Presidência do CNJ Karen Luise, que também é embaixadora da mostra.
“Ao propor um exercício de imaginação política e o resgate de projetos históricos negros, a exposição dialoga diretamente com o compromisso do CNJ em promover equidade racial e ampliar o acesso à justiça. Trazer obras como a de Abdias Nascimento para o espaço institucional é uma forma potente de afirmar que as artes e a memória têm papel central na construção de futuros mais inclusivos”, afirma Adriana Cruz.
Para Karen Luise, fortalecer imaginários em torno de um Brasil plural, democrático e antirracista, por meio da arte, ajuda a promover debates e reflexões sobre as lutas e resistências negras, indígenas e LGBTQIA+. “A partir de uma perspectiva inclusiva e antirracista, a mostra apresenta textos e obras que propõem novos imaginários sociais e políticos para o Brasil. É uma convocação à escuta, à memória e à construção de um futuro mais justo, em que todas as existências sejam valorizadas e respeitadas.”
“A mostra nos abre a possibilidade de resgatar projetos políticos negros como a Constituição do Haiti e do Império do Mali ou a Marcha das Mulheres Negras de 2015, que apontam para um ‘Brasil possível’, onde o bem viver seria uma realidade, permitindo uma existência plena, com relações equilibradas entre as pessoas e com a natureza”, conclui Mariana Luiza, uma das idealizadoras da mostra.
Programa Justiça Plural
O Programa Justiça Plural, iniciativa do CNJ em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), busca fortalecer as capacidades do Poder Judiciário na promoção dos direitos humanos e socioambientais e na ampliação do acesso à Justiça por populações estruturalmente vulnerabilizadas.
Serviço
Mostra “Constituinte do Brasil Possível”
Data: 6 de agosto a 26 de setembro
Horário: 11h às 19h
Local: Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Setor de Administração Federal Sul (SAF Sul), Quadra 2, Lotes 5/6, Bloco E e F – Brasília (DF).
Entrada gratuita com acessibilidade e tradução português e libras, e inglês e espanhol. Se preferir, agende a sua visita mediada clicando aqui.
Texto: Jéssica Chiareli
Edição: Sâmia Melo
Agência CNJ de Notícias