Tribunal promove capacitação para servidores sobre acesso de deficientes

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Como abordar um deficiente? A questão é respondida com a prática da acessibilidade atitudinal, que se traduz num comportamento de cidadania proporcionando ao deficiente a sua inclusão no ambiente social. É com esse objetivo que o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) vai realizar palestras que serão conduzidas pela advogada e deficiente visual Deborah Prates, destinada aos funcionários que lidam diretamente com o público.

O juiz auxiliar da Presidência Antonio Aurélio Abi-Ramia Duarte lembra que o TJRJ, na concepção de suas instalações, obedece todas as normas de acessibilidade, proporcionando ao deficiente facilidade de circulação. No entanto, a remoção do obstáculo físico não é suficiente, diante da constatação de que o deficiente precisa receber também atenção pessoal.

Além de oferecer um tratamento humano, o tribunal pretende também criar ferramentas eletrônicas em seu site, tornando-o acessível a esse público. “Iniciaremos uma campanha de conscientização junto aos atendentes e desenvolveremos a informatização para o deficiente. A determinação é do presidente do TJRJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, que foi procurado pela advogada Deborah Prates”, disse o magistrado.

A advogada Deborah Prates conta que ficou cega há oito anos e, assim, conhece os dois lados de uma realidade. O primeiro impacto causado pela cegueira foi a perda de clientes, inclusive a rejeição pelos próprios vizinhos do condomínio onde mora, que colocaram em dúvida a sua capacidade intelectual. “Eu fazia parte do conselho do condomínio e fui comunicada de que não poderia continuar exercendo essa função. Os membros do conselho confundiram a supressão de um sentido, com a supressão dos meus neurônios”. Desde então, ela vem lutando para que as pessoas entendam as necessidades desse público minoritário, que nem é tão pouco representativo. Deborah Prates revela que, atualmente, 24% da população brasileira, em torno de 46 milhões de pessoas, são portadoras de algum tipo de deficiência.

“Infelizmente somos desunidos. Se tivéssemos união, juntamente com integrantes de outros grupos formados por pessoas vulneráveis, como os idosos, faríamos toda a diferença”, assinalou a advogada.

Integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB/Rio e da Comissão de Tecnologia da Comunicação da OAB/federal, a advogada Deborah Prates vem atuando na defesa da acessibilidade atitudinal para mudar a consciência das pessoas em relação às necessidades de todo deficiente e não exclusivamente o visual. Ela tomou a iniciativa de procurar o presidente do TJRJ com o objetivo de propor as palestras sobre o assunto, que serão realizadas gratuitamente.

“Foi elogiável a forma como fui recebida pelo presidente, que se mostrou sensível para a minha proposta. Espero que o tribunal se torne o primeiro no país a adotar essa medida, tirando todos os obstáculos para os deficientes”, resumiu a advogada.

Deborah Prates, que circula com o cão-guia Jimmy, tem um método peculiar de conduzir as suas palestras. Ela pede que as pessoas coloquem vendas nos olhos e tentem executar pequenas tarefas ou caminhar. É uma forma de mostrar as dificuldades enfrentadas por um deficiente, privado da visão.

Fonte: TJRJ