Prática premiada ensina crianças a meditar e expressar sentimentos

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O projeto Os Meus, Os Seus, Os Nossos Sentimentos conquistou o segundo lugar em seleção de boas práticas para primeira infância. FOTO: Arquivo
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Utilizar técnicas de meditação e práticas lúdicas para ensinar crianças de 2 a 5 anos a reconhecer e expressar seus sentimentos. Foi com esse propósito que a pré-escola paulistana Nossa Senhora Eireli se destacou na seleção de boas práticas de promoção de direitos e à atenção à Primeira Infância coordenada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O projeto Os Meus, Os Seus, Os Nossos Sentimentos conquistou o segundo lugar na categoria Empresas por conseguir mudar os hábitos dos pequenos.

O projeto iniciado em 2018 ajuda crianças na fase da primeira infância a meditar e aplica a técnica de mindfulness em salas de aula ou nas atividades de Educação Física. As técnicas ajudam a exercitarem a atenção plena e a tolerância. O tempo de meditação depende da faixa etária da criança – em geral, varia de 2 a 5 minutos – ao menos duas vezes por semana.

Segundo a professora de Educação Física Beatriz Stefani Fernando, idealizadora do programa, vários benefícios já foram percebidos entre os pequenos, como maior concentração das crianças em sala de aula e melhoras nas relações entre os coleguinhas. “As briguinhas entre eles diminuíram. Eles têm conseguido entender seus sentimentos, como também o sentimento do coleguinha. Parece um benefício momentâneo, mas não é. Estamos contribuindo para o futuro delas, permitindo que essas crianças aprendam sobre respeito humano e isso vai ficar para sempre”, afirma a professora, que comemorou o prêmio. “É um trabalho do qual temos muito orgulho”, diz Beatriz.

Menos distraídos

Ela conta que o projeto segue uma orientação que inclui outras atividades para desenvolver bons hábitos e ajudam a autorregular as emoções, como trabalhar com plantio de hortaliças, participar de sessões de filmes infantis educativos e de rodas de conversa e construir bonecos que representam sentimentos. “Trabalhamos com a estimulação das expressões faciais e sensoriais. Fazemos brincadeiras e rodas de conversa para que eles expressem suas emoções e saibam diferenciá-las”, conta a professora.

Ela diz que, mesmo em pouco tempo, o trabalho tem modificado a rotina das crianças e também dos pais. “Recebi um relato de uma mãe que estava nervosa com o filho. Mas, antes que ela estourasse com ele, ele pediu que ela respirasse e se acalmasse, antes da conversa. Ela ficou surpresa e, de fato, conseguiu controlar a emoção”, conta.

A pré-escola Nossa Senhora Eireli é uma escola privada, localizada no bairro do Morumbi (SP). De acordo com a avaliação da idealizadora, o projeto é replicável, uma vez que os gastos são baixos, principalmente na aquisição de livros. Para as práticas de meditação e yoga, não houve necessidade de nenhuma mudança estrutural. 

Pacto Nacional

O projeto é uma das 12 boas práticas selecionadas para serem disseminadas em todo o país. A ação faz parte do projeto “Justiça começa na Infância: Fortalecendo a atuação do Sistema de Justiça na promoção de direitos para o desenvolvimento humano integral”, coordenado pelo CNJ e financiado pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (CFDD) do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

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A concretização dessas ações avança por meio do Pacto Nacional pela Primeira Infância, firmado em 25 de junho de 2019 entre o CNJ e diversos atores que integram a rede de proteção à infância no Brasil. Além da seleção e disseminação das boas experiências práticas, o projeto inclui o diagnóstico da situação da atenção à Primeira Infância no Sistema de Justiça em 120 municípios brasileiros e a oferta de 23.500 vagas de capacitação para operadores do direito e equipe técnica atuantes na atenção à Primeira Infância.

Regina Bandeira
Agência CNJ de Notícias