O desafio de construir um espaço agradável e harmonioso dentro das escolas foi tema de debate na palestra “Mediação de Conflitos nas Escolas – Experiência da Argentina”, nesta segunda-feira (15/07). A atividade foi organizada pelo do Programa de Aprimoramento em Mediação do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMEC) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Uma das instituições mais antigas da história, a escola até hoje preserva uma estrutura que pouco mudou, na opinião da professora argentina Gabriela Jablkowski. De acordo com ela, já passou o momento de as escolas repensarem suas organizações arcaicas. Dentre os objetivos de transformação do ambiente escolar apontados pela palestrante, está o incentivo à pluralidade para evitar a padronização e a rigidez que tornam a escola um espaço desinteressante e autoritário.
“Implementar um programa de mediação na escola é só o último passo. Antes do método e da técnica, é preciso pensar, analisar a base, e, por fim, criar uma filosofia. Coisas sem sentido são perigosas. Então, não podemos implementar um projeto sem saber o que queremos dele” afirmou.
Ao falar da experiência da mediação escolar em Buenos Aires e em outras cidades argentinas, Gabriela defendeu políticas públicas de solução de conflitos. A professora acredita que o poder público deve criar as raízes da mediação a partir de um trabalho minucioso, que privilegie o debate e a cautela ante à pressa e o senso comum que, em sua opinião, distorcem a função da escola. “A função do Estado é pensar que tipo de escola deseja e necessita. A discussão demora, mas é necessária para evitar que a mediação seja uma ideia enlatada aplicada em todos colégios sem respeitar suas particularidades”, avaliou.
Estimular as crianças e os adolescentes a resolverem problemas a partir do diálogo é a base para o que a juíza Glória Heloiza, titular da 2ª Vara da Infância, Juventude e do Idoso da Capital, classifica como intervenção precoce. As cenas de violência nas escolas propagadas pelas redes sociais preocupam a magistrada, que crê na mediação como uma solução.
“O colégio é um ambiente propício para a gente disseminar os valores do respeito e da tolerância. Se desde o início trabalharmos com as crianças valores como o respeito e a tolerância, podemos evitar e até acabar com casos de violência na escola e na sociedade de forma geral”, disse.
O secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes, falou sobre episódios de desrespeito e agressão entre alunos e contra profissionais que trabalham com a educação. Além de afirmar que o sentimento de impotência não pode prevalecer, ele sugeriu outras maneiras de impedir esses casos. “A gente deve capacitar os profissionais, desde os professores até os porteiros, para mediar os conflitos nos colégios. E isso deve ser feito de forma que não seja opressora, mas oferecendo aos alunos uma ajuda psicossocial”, destacou.
Fonte: TJRJ