Presos cearenses passam o dia aprendendo e trabalhando em projeto

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O dia na Fábrica Escola, projeto de ressocialização de presos e ex-detentos, em Fortaleza/CE, começa às 7h30. É quando se reúnem para o café da manhã 17 pessoas que foram presas no passado e hoje tentam começar uma nova vida. Até as 18h30 eles participam de aulas de alfabetização, educação moral e religiosa, informática, noções de empreendedorismo, educação física e até gestão financeira. O Projeto Fábrica Escola foi inaugurado em abril e premiado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o Selo Começar de Novo.

“O projeto funciona de segunda a sábado para 17 apenados dos regimes aberto, semiaberto, ex-detentos e para 60 familiares”, explica o supervisor do projeto, professor Vicente de Paula Pereira. A proposta da Fundação Deusmar Queirós, onde a ideia nasceu, é mais do que preparar presos e ex-presos para o mercado de trabalho. “Queremos matar o criminoso e salvar o homem que existe dentro deles”, diz o professor sobre seus alunos, entre eles ex-traficantes, homicidas e assaltantes.

Para tanto, as atividades realizadas reforçam aos participantes do projeto que eles são cidadãos, com direitos e deveres. Uma das obrigações é a limpeza das instalações da Fábrica Escola. Os relacionamentos sociais dos alunos também são valorizados durante o cotidiano com dinâmicas de grupo que envolvem suas respectivas famílias. “Graças a um convênio que fizemos com um clube da cidade, levamos nossos alunos e seus familiares para passar um dia de lazer. Isso os ajuda a voltar a se sentir parte de uma família, assim como contribui para que a família volte a aceitá-lo”, afirma o professor.

Outras parcerias estabelecidas pela direção do projeto viabilizam a capacitação profissional. Uma empresa do ramo de materiais elétricos paga 3/4 de um salário mínimo aos alunos que fabricam componentes em uma linha de produção dentro da Fábrica Escola. Outros dois parceiros do ramo do artesanato remuneram por cada peça produzida em uma das oficinas que ensinam a confeccionar bijuterias e cabaças.

“Nas feiras que montamos em shoppings centers da cidade, 60% de cada venda são destinados aos próprios participantes do projeto. Em uma delas, chegamos a vender R$ 3.000 durante uma semana”, diz o professor Vicente. A próxima feira começará neste sábado (6/7) em um shopping frequentado pela classe média alta de Fortaleza/CE.

“Aqui eles não são tratados como coitadinhos, são conscientizados de que cometeram um crime contra a sociedade, mas agora recebem uma segunda chance da própria sociedade”, conclui. O trabalho integrado conta também com a participação de familiares dos presos que assumem voluntariamente a parte da alimentação e com o sindicato das empresas de ônibus que fornece o vale-transporte para que os alunos cheguem cedo para recomeçar suas vidas.

Manuel Carlos Montenegro
Agência CNJ de Notícias