Mostra promove reflexão sobre participação negra na Constituinte

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Foto: Pedro França/Ag. CNJ
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A exposição Constituinte do Brasil Possível, inaugurada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta terça-feira (5/8), traz 21 obras de artistas negros de diversos estados do país. Durante o lançamento, o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, destacou que o projeto traz a elaboração do que poderia ter sido o Brasil com uma constituição possível, se, no dia 14 de maio de 1888, as pessoas negras que estavam sendo libertadas, tivessem participado do projeto de reconstrução do país.  

“Uma das causas do racismo estrutural e da marginalização de uma parte da população é resultado de uma abolição de um regime de escravidão sem a preocupação de nenhum tipo de inclusão social, nenhum tipo de preocupação com renda, educação, distribuição de propriedade”, afirmou Barroso.  

O ministro ressaltou que essa situação dificultou a vida dessas pessoas, assim como a inclusão delas no mercado de trabalho e na vida produtiva e construtiva de maneira geral, o que gerou dívidas históricas elevadas. “Não é válido dizer que não se tem responsabilidade por essa situação porque não estava lá. Na verdade, todos nós fomos beneficiários de uma estrutura que marginalizou – quase que dolosamente – as pessoas que ajudaram a construir o Brasil”. 

As curadoras da exposição com o presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso – Foto: Ana Araújo/Ag. CNJ

Nesse sentido, o presidente do CNJ reafirmou que todas as ações afirmativas feitas não são um favor, “mas é o resgate de uma dívida histórica para aumentar a inclusão social”. Barroso lembrou ainda que a exposição traz uma obra de Abdias Nascimento, que, segundo ele, “é um dos grandes heróis da causa negra no Brasil e que tem o reconhecimento e a reverência merecidos”. 

A produtora e idealizadora da exposição, Mariana Luíza, também destacou que a exposição traz um convite para que todos conheçam as possibilidades de um país em que todos participem. “O Brasil possível representado com beleza por nossos artistas não é fruto de delírios utópicos. Nossos artistas apresentam projetos reais de nação que foram negligenciados por acadêmicos, congressistas, juristas e por governos.”  

A produtora parafraseou ainda a Constituição Haitiana, dizendo que “a partir de agora, desejo que todos nós [brasileiros] sejamos tratados como negros”. 

Exposição

Idealizada pelo Projeto Linha de Cor, a exposição Constituinte do Brasil Possível convida o público a refletir e imaginar, por meio de múltiplas linguagens artísticas, novos futuros e presentes possíveis traz.  

Além das 18 obras originais, o projeto recebeu mais três peças de artistas locais: o quadro Tatara Nenê criou raiz (2024), de Pamella Wyla, da Ceilândia; a instalação Carne Seca (2023), do goianesiense Talles Lopes; e a obra Nilo Peçanha (2013) do goiano Dalton Paula. 

A mostra está aberta ao público até o dia 26 de setembro, das 11h às 19h, com possibilidade de agendamento de visitas mediadas para pessoas físicas, grupos informais e instituições. Também há recursos de acessibilidade, como audiodescrição e monitores bilíngues (português e libras, e inglês e espanhol). 

Em Brasília, a exposição é viabilizada pelo programa Justiça Plural, parceria entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com apoio da secretária-geral do CNJ, Adriana Cruz, e da juíza auxiliar da Presidência do CNJ Karen Luise, que também é embaixadora da mostra.

Acesse o álbum completo no Flickr do Conselho Nacional de Justiça

Brasília, 05/08/2025 - Mostra Constituinte do Brasil Possível

Texto: Lenir Camimura
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias 

Macrodesafio - Garantia dos direitos fundamentais