Música é a alternativa no ES e PR para mudar a vida de mulheres presas

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Um grupo de mulheres que estão presas em penitenciárias femininas do Espírito Santo e do Paraná terá um novo caminho para voltar à sociedade: a música. A proposta das secretarias de justiça dos dois estados é oferecer formação em música a mulheres que cumprem pena em regime fechado de duas penitenciárias femininas – em Curitiba/PR e em Cariacica/ES. No Paraná já foi formada a primeira turma de 50 mulheres que vai ter oficinas de música. Professores e alunos da Escola de Música e Belas Artes e da Faculdade de Artes do Paraná começam a ministrar,  na próxima semana, as primeiras aulas na Penitenciária Feminina do Paraná, onde 400 mulheres cumprem pena em regime fechado. A Secretaria da Justiça e da Cidadania já comprou uma variedade de instrumentos, desde violões a teclados, passando por cavaquinhos, pandeiros e tamburins, entre outros.

A coordenadora do projeto, Rosimeiry Mostachio, explica que o projeto começará, no entanto, por um instrumento que todos têm: a voz. “Esse primeiro momento vai servir para as mulheres soltarem a voz. Será uma etapa de sensibilização para a música”, afirma. A proposta do curso também tem outras ambições: a profissionalização das detentas, por meio de curso profissionalizante a distância. “A ideia é que elas se formem com certificação da Ordem dos Músicos do Estado”, diz.

Terapia – O projeto da Secretaria de Justiça do Espírito Santo vai focar na musicalização de 20 mulheres presas na Penitenciária Feminina de Cariacica/ES, que tem 360 internas, por meio de instrumentos de percussão. Atualmente, o orçamento para a compra dos instrumentos está sendo feito. As primeiras aulas estão previstas para julho. Serão dois encontros semanais de duas horas de duração, cada.

A diretora de ressocialização da Secretaria de Estado da Justiça do Espírito Santo, Quésia Cunha Oliveira, explica que a escolha da percussão  deve-se ao valor terapêutico da música. “A percussão ajuda a reduzir o estresse das detentas, que costumam sofrer muito mais de ansiedade do que os homens presos. As aulas vão ajudá-las a controlar suas emoções e, assim, tomar decisões com mais senso crítico”, afirma. 

Segundo a diretora de ressocialização, o projeto também se alinha à estratégia de segurança pública do Estado, considerando-se o perfil da população carcerária feminina capixaba: jovens, muitas vezes mães solteiras que entraram para o tráfico de drogas pelo acesso fácil e rápido ao dinheiro ou por meio de um relacionamento amoroso.

“De nada adianta combater a criminalidade sem despertar  consciência mais crítica nessas mulheres que terão um dia a liberdade novamente. Elas precisam aprender a dominar suas emoções”, diz a diretora.

Innovare – Os recursos que vão assegurar a compra dos instrumentos vieram do Prêmio Innovare 2010 entregue ao Projeto Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que incentiva a reintegração de detentos e ex-detentos à sociedade por meio do trabalho e do estudo. O juiz auxiliar da Presidência do CNJ Erivaldo Ribeiro decidiu doar o prêmio de R$ 50 mil aos governos capixaba e paranaense para viabilizar a compra dos instrumentos. No Paraná, a cerimônia de lançamento oficial do projeto está marcada para esta segunda-feira (6/6).

Manuel Carlos Montenegro
Agência CNJ de Notícias