Constelação Familiar: 28 juízes de RO concluem 1º curso sobre método

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Os primeiros magistrados – no mundo – com formação em Constelação Familiar são membros do Tribunal de Justiça de Rondônia. A utilização dessa ferramenta, que trabalha o sistema familiar e suas leis sistêmicas, tem foco na solução de conflitos por meio de consenso entre as partes e respaldo no novo Código de Processo Civil e em Resolução do Conselho Nacional de Justiça-CNJ. Ontem à noite, no Instituto Vida Plena, um coquetel marcou a formação, iniciada em 2015, de 28 juízes.

A técnica, que reconhece leis universais atuantes em todos os relacionamentos humanos, do psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, chegou ao Judiciário brasileiro em 2012, pelo juiz Sami Storch, do Tribunal de Justiça da Bahia. Ele chegou a registrar acordos em 100% dos conflitos familiares, ao utilizá-la antes das audiências de conciliação.
No Tribunal de Justiça de Rondônia, os primeiros frutos da formação estão sendo colhidos com o Projeto Reordenando o Caminho, iniciado em maio deste ano, no núcleo das Varas de Família de Porto Velho. O projeto é dirigido pela juíza Silvana Freitas e pela psicóloga Zilma Watanabe, do Instituto Vida Plena.IMG 4447
O objetivo do Projeto é resolver os processos previamente estudados e selecionados nas varas de família com a aplicação da técnica de Constelação Familiar, que possibilita esclarecer as questões sistêmicas que impedem a solução definitiva dos conflitos causadores do processo judicial e que pode, também, evitar a rejudicialização.
Sobre a formação dos 28 magistrados, o presidente do Tribunal de Justiça Walter Waltenberg explicou que “a Constelação familiar é um dos muitos métodos de autoconhecimento e compreensão dos conflitos que advém do relacionamento familiar. Entender-se é mais importante para o magistrado na medida em que se compreendendo e entendendo os seus conflitos e a dinâmica de sua família, ele pode atuar com mais clareza quando se trata de compreender os conflitos dos jurisdicionados que são colocados à sua apreciação”.
Para a psicóloga Zilma Watanabe, “a I Formação em Constelações Familiares para juízes do TJRO torna o estado de Rondônia pioneiro no olhar sistêmico, por meio de uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional, com reflexos positivos na sociedade”.
Também presente na entrega dos certificados, o constelador espanhol Pacco Herrera, que fez parte da formação dos juízes, disse que se sente “honrado por contribuir com o desenvolvimento de um trabalho único no mundo. O Direito Sistêmico começa a caminhar e acredito que sua origem é mérito de Porto Velho”.
IMG 4483Herrera comentou que em fevereiro deste ano, no Congresso da Associação Bert Hellinger de Constelações Familiares da Espanha, que tem participação de um grande público, o trabalho pioneiro realizado no Tribunal de Justiça de Rondônia foi mencionado. “Eles têm muitas razões para se orgulhar e valorizar o que estão fazendo aqui”, disse o Constelador.
A coordenadora do Projeto Reordenando o Caminho, juíza Silvana Freitas, que, juntamente com a juíza Sandra Silvestre, foi a tutora da turma de formação, lembrou o início do projeto, “acolhido pelo então diretor da Escola da Magistratura de Rondônia, desembargador Sansão Saldanha, que, numa visão vanguardista e visionária, apostou no projeto, quando pouco se falava em Constelações Familiares”.
Para o desembargador Sansão Saldanha, a técnica “é um instrumento de equilíbrio indispensável para a Justiça, pois proporciona uma proximidade maior do magistrado ao problema, permitindo que ele identifique, muitas vezes, razões que podem estar ocultas e que são exatamente a causa do conflito. A formação atende ao princípio básico do nosso sistema jurídico. A quantidade de exigência social hoje é exponencial e, estando na mão do magistrado a oportunidade que é o dever de resolver conflitos, é necessário o equilíbrio em todos os aspectos”.
Ao finalizar o evento, a juíza Silvana Freitas afirmou que “é um dia de enorme alegria para a magistratura brasileira. Em 2015 foi plantada uma semente no TJRO e, ao longo do curso, os magistrados foram, aos poucos, modificando seu olhar sobre os conflitos, repensando suas posturas e resignificando conceitos. Novas perspectivas foram se desenhando para cada um. O impacto é sentido, tanto na vida pessoal como profissional. Atualmente, o Direito Sistêmico já é uma realidade nacional, sendo possível a esses juízes de Rondônia manejar a valiosa ferramenta que é a Constelação Familiar, com segurança e profundidade”.

Fonte: TJRO