TJMT e AMPARA preparam novos pais para adoção

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O Poder Judiciário de Mato Grosso e a AMPARA, uma associação sem fins lucrativos que é parceira do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), começam a preparar para a adoção o 9º grupo de casais e pessoas solteiras de Cuiabá e Várzea Grande pretendentes a estabelecer relação legal de filiação. Nesta quinta-feira (19), a partir das 15h30, na Escola dos Servidores Desembargador Atahide Monteiro da Silva, no TJMT, ocorre a primeira das quatro reuniões que a turma de 31 pessoas participará para se credenciar e estar apta a entrar na fila de espera da adoção. O curso é chamado “pré-natal da adoção”. Essa preparação é determinada pela Lei Federal Nº 12.010 de 2009.

O objetivo dessa habilitação é reduzir e, se possível, acabar com as devoluções de crianças por pais que se arrependeram da adoção, práticas que resultam em traumas muitas vezes irreversíveis aos adotados. A presidente da AMPARA, Lindacir Rocha Bernardon, também já tem vasta experiência como mãe adotiva, pois adotou três meninas que inclusive passaram por outros lares. Ela conta que o impacto no psicológico da criança quando ela é devolvida é arrasador.

“A cada devolução é como se fosse um novo abandono como aquele que o pequeno sofreu por parte dos parentes consangüíneos. Eles reforçam essa questão do abandono, se culpam pela rejeição e desacreditam na família e nos valores familiares”, observou.

Outra intenção desse curso é acabar com o preconceito das pessoas em relação à adoção de crianças mais velhas, com deficiências físicas ou mentais e até portadoras de alguma doença crônica. A preferência dos pais adotivos geralmente é por crianças com até cinco anos de idade e saudáveis.

O termo de parceria entre a AMPARA e o TJ foi firmado há dois anos e neste período já obteve resultados positivos. Foram 491 pessoas a fazerem o curso até agora. Deste total, considerando algumas desistências no decorrer do processo preparatório, apenas duas crianças foram devolvidas.

“Quando alguém desiste no decorrer do curso também é sucesso para nós, porque levamos a pessoa a refletir melhor e ver que realmente não era aquilo que ela queria. Os motivos que levam a adoção são cruciais na devolução. Os que devolvem é porque não estavam preparados”, pontuou Lindacir.

Programação – Neste ano, além dos quatro encontros, também foi instituída a visita ao Lar da Criança, na fase final do programa. Lindacir conta que esta visita in loco tem sensibilizado muito os futuros pais. Depois dessa experiência, houve uma abertura maior por parte das pessoas em acolher crianças especiais e mais velhas. “Um casal entrou com pedido de aproximação sucessiva de dois irmãos de 10 e 11 anos e de uma criança com o vírus do HIV. Antes ninguém havia manifestado tal interesse”, pontuou.

Nesta primeira aula, que acontece hoje, serão tratados os aspectos jurídicos da adoção. Dia 26 de abril será o estudo do segundo módulo que traz o tema “compreendendo a adoção”. Já no dia 3 de maio a abordagem será sobre a “gestação do filho adotivo”. Em 10 de maio o assunto a ser debatido será “criando o filho adotivo”. Neste quarto haverá troca de experiências entre pais que já adotaram e aqueles que ainda estão na fase da pretensão.

Entidade parceira – A AMPARA foi criada em 2009. Ela sobrevive por meio de trabalho voluntário e doações de pessoas físicas. A entidade não tem sede própria e funciona no complexo Pomeri, no espaço reservado à Vara de Infância e Juventude.

Do TJMT