Presos trabalham na recuperação do Lago Paranoá, em Brasília

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Oitenta presos do regime semiaberto do Distrito Federal, selecionados para limpar o lixo das margens do Lago Paranoá, retiraram, na semana passada, cerca de oito toneladas de detritos. O mutirão ambiental de limpeza do lago é uma iniciativa da Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) e da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap).

A ressocialização pelo trabalho de homens e mulheres que estão ou já estiveram presos é um dos objetivos do Programa Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que estimula a parceria entre a Justiça, órgãos públicos e empresas.

“V”, que participou da limpeza, viu o Lago Paranoá, pela primeira vez, na manhã da última quarta-feira (17/9), embora viva na cidade há três anos e meio. Até então o jovem sul-mato-grossense de 21 anos de idade só conhecia basicamente o Complexo Penitenciário da Papuda e o Centro de Progressão Penitenciária, onde cumpre pena por tráfico de drogas. “Quando cheguei aqui, já me prenderam no aeroporto e fui direto para a cadeia”, relembra um dos presos do regime semiaberto do Distrito Federal selecionados para limpar o lixo das margens do lago.

No regime semiaberto há um ano, “M” trabalha no Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) consertando e substituindo placas de trânsito. Cedido para o mutirão de limpeza, relembra como era difícil ver o sol durante os sete anos em que viveu no Complexo Penitenciário da Papuda. “Quando tinha briga na ala ou na cela, eles cortavam o banho de sol até para quem não tinha nada a ver com a confusão. E tinha muita briga. Aí ficava 24 horas dentro de uma cela, não me deixavam sair nem para estudar”, relembra.

Este é o terceiro ano em que presos do DF participam da atividade. Em 2013, foram recolhidas nove toneladas de lixo do lago, entre garrafas de bebida, embalagens de xampu, maços de cigarro, roupas íntimas, pneus e até um carrinho de supermercado.

Segundo o presidente da Adasa, Vinícius Fuzeira de Sá e Benevides, a limpeza do lago gera um efeito pedagógico nos presos. “Eles passam três dias trabalhando na beira do lago, um lugar muito aprazível, fazendo algo útil para toda a cidade. Além disso, a atividade tem um caráter simbólico importante. Aqui eles veem que sozinho não se faz nada e que cada um tem de fazer sua parte”, afirma Benevides.

Manuel Montenegro
Agência CNJ de Notícias