Presos da Paraíba se candidatam ao mercado de trabalho

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O cadastramento dos jovens egressos e internos do sistema prisional foi realizado por 100 voluntários que atuam na Fundação Cidade Viva da Paraíba, que firmou nesta terça-feira (28/09) convênio com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que possibilitará a reinserção no mercado de trabalho dos egressos do sistema prisional. Eles preencheram o questionário dos presos cadastrados, que servirá não apenas para reinserção social como também para viabilizar a emissão de documentos. “Muitos deles têm somente a certidão de nascimento. Estamos fazendo uma triagem e vamos orientá-los para conseguirem os outros documentos”, afirmou Cássia Melo, uma das voluntárias da Fundação.

Um dos interessados a comparecer na Fundação para fazer seu cadastro foi o presidiário J.S.S, 27 anos, que cumpre pena  regime semi-aberto, no presídio de Mangabeira. Ele respondeu a todas as perguntas feitas pelo voluntário do “Projeto Esperança Viva” e está entusiasmado com a possibilidade de poder trabalhar. Para ele, ainda existe muita discriminação da sociedade em relação aos presos. “Tenho muita vontade de trabalhar, principalmente agora que meu filho vai nascer e vou ser pai”, afirmou. J.S.S. trabalhava como mecânico antes de ser preso por homicídio e disse estar pronto para qualquer atividade. “Pode ser como servente, pintura, limpeza. O que eu quero é trabalhar”, afirmou.

A presidiária S.B.L, que  cumpre pena em regime semi-aberto e foi se cadastrar no projeto, também reclamou da discriminação. Segundo ela, o fato de a pessoa ter cometido um erro, o acompanha para sempre na sua vida profissional. “Já fui me cadastrar no Sine (sistema nacional de emprego), me chamaram para a entrevista, mas quando pediram o atestado criminal, eu desisti, pois tinha certeza que não me chamariam”, afirmou. A ex-empregada doméstica cumpriu dois anos e nove meses no regime fechado por homicídio e está há oito meses no semi-aberto. Seu maior desejo no momento é conseguir um emprego com carteira assinada. “Tenho vontade de seguir adiante, mas existe essa discriminação”, disse.

Já o vigilante A.A.S, 23 anos, afirma que a discriminação está relacionada ao tipo de crime cometido. Condenado há dois anos e seis meses em regime semi-aberto por crime contra o patrimônio, ele acredita que isso não influenciará na sua vida profissional. “Quando o patrão vai contratar, eles olham o artigo do crime cometido e isso influencia na decisão”, opinou. Apesar disso, o jovem se cadastrou no “Projeto Esperança Viva” e espera que ele dê oportunidade a outras pessoas. “Isso é ótimo porque dá oportunidade às pessoas que precisam para voltar ao trabalho”, mencionou.

 

EN/SR
Agência CNJ de Notícias