Ócio ameaça futuro de adolescentes internados em Brasília

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Um dos raros momentos que B. passa fora do alojamento onde vive é quando está lavando o chão do corredor. O jovem de 15 anos está internado na Unidade de Internação do Plano Piloto (UIPP) por causa de um porte de arma e um roubo. Ir à aula e participar de oficinas seriam mais duas oportunidades de deixar o quarto de poucos metros quadrados e porta gradeada. As aulas, no entanto, foram interrompidas recentemente após o assassinato de três internos, e as oficinas que B. fez – elétrica e mecânica – também não foram de muito proveito para ele.

“Acabou há uns três meses. Não deu para aprender muita coisa”, disse o jovem, que pensa em trabalhar em um lava-jato quando terminar de cumprir sua medida socioeducativa. A rotina de ócio que B. e os outros 350 colegas internos compartilham foi uma das constatações das juízas auxiliares da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Cristiana Cordeiro e Joelci Diniz, que visitaram a maior unidade de internação de jovens em conflito com a lei no DF na última terça-feira (18/9).

“Eles ficam ociosos a maior parte do tempo”, disse a juíza Cristiana Cordeiro. “Os internos reclamam de ficar muito tempo no quarto, sem realizar nenhuma outra atividade além da escola”, completou a magistrada Joelci Diniz. Ambas coordenam o Programa Justiça ao Jovem, do CNJ, que fiscaliza as unidades de internação de jovens em conflito com a lei no País.

Internado há dois anos na UIPP, M. reclama da duração do banho de sol. “É só uma hora e meia. A gente precisa de algo para se entreter”, afirmou o jovem de 17 anos. Um colega um ano mais novo que vive no mesmo módulo (como são conhecidas as alas de alojamentos) sugeriu oficinas de estofaria e panificação, “até uma consulta com a psicóloga está bom”, disse. A direção da casa prometeu reestabelecer as oficinas – inclusive panificação – para todos os internos na quinta-feira (20/9).

Segunda fase – Desde julho, as magistradas retornam a unidades de internação visitadas pelo CNJ durante a primeira fase do programa, entre 2010 e 2012. O objetivo é verificar se houve evolução no quadro de precariedade do sistema socioeducativo.

Manuel Carlos Montenegro
Agência CNJ de Notícias

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