Casos de crueldade contra mulheres chocam plateia em seminário do TJMT

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Mostrando fotos chocantes de meninas africanas e muçulmanas violentadas e mutiladas e expondo dados estatísticos que revelam o tamanho do preconceito contra as mulheres presente na cultura de diversos países, foi que a juíza auxiliar de Entrância Especial Amini Haddad ministrou a palestra “Exploração Sexual e Desvalor Humano”. O tema foi destaque do I Seminário Mato-grossense Violência Contra a Mulher – Reflexões em Busca de Soluções, realizado na última sexta (23/3) no Fórum Desembargador José Vidal, em Cuiabá.

A palestrante, que atualmente é a responsável pelo Juizado Especial do Cristo Rei, em Várzea Grande, contou casos de abusos que impressionaram a plateia. Ela lembrou da história da paquistanesa Mukhtar Mai, que foi sentenciada pelo conselho de sua tribo ao estupro coletivo. A condenação da jovem se deu no lugar do irmão, que se envolveu amorosamente com uma moça de uma casta superior. A tragédia de Mukhtar Mai sensibilizou o mundo ao ser retratada no livro “Desonrada”. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), já existiram 804 sentenças semelhantes no mundo.

Amini Haddad falou ainda de outros abusos e desvalorização da mulher, como os que ocorrem em Israel, onde as meninas não herdam propriedade se tiverem irmãos, e ainda são obrigadas a se sentar no fundo dos ônibus. A juíza também mostrou fotos das meninas de uma província da Arábia Saudita, que aos cinco anos de idade são obrigadas a se casar com homens de 20 a 40 anos.

Mapa da crueldade – A magistrada apresentou um “mapa da crueldade islâmica” e dos cinco piores países para uma mulher nascer. O primeiro da lista é o Afeganistão, onde as pessoas do sexo feminino não têm acesso a escolas, ao emprego e outros direitos humanos. Em segundo aparece o Congo, na África, lugar onde a violência sexual é tão comum que 90% de toda a população feminina é estuprada. 

Logo em seguida, vem o Paquistão, onde ainda persiste o apedrejamento até a morte. Depois vem a Índia, onde é normal o infanticídio feminino e onde há jovens que são leiloadas, escravizadas, abusadas e depois doadas para o tráfico de órgãos. Na Somália, em quinto lugar, não é diferente.  Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef), 134 milhões de bebês são abortados por serem meninas. “Por que isso acontece? Que valor tem a mulher? Sempre secundarizada e subserviente”, protestou Amini.

As debatedoras do tema observaram que muitas dessas realidades não estão tão distantes do Brasil e de Mato Grosso, onde também existem comunidades muçulmanas que conservam o costume da castração feminina.  “No interior do Estado também registramos casos de aluguéis e venda de meninas em barcos de pesca. Em Cuiabá, tivemos pais que venderam a filha por um botijão de gás e um celular”, informou a promotora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela.

Delegacia especializada – “Conversei com um senhor que abusou de várias crianças de oito e nove anos, que eram suas vizinhas. Apesar de não ter criança em casa, ele mantinha brinquedos e computador para atrair as suas vítimas”, contou a delegada Liliane de Souza Santos Murata Costa, titular da Dedicca, (Delegacia Especializada de Defesa dos Diretos da Criança e do Adolescente).

Já a psicóloga Rosângela Kátia Sanches Mazzorana Ribeiro citou a história de um pai que estuprou a própria filha. “Quando foi questionado sobre o porquê de ter feito aquela barbaridade, ele disse que se não fizesse aquilo outro faria”, contou. “O mais triste é que os estudos de psicologia mostram que o homem que comete abuso sexual não tem transtornos mentais. Ele tem consciência do que está fazendo”, observou Rosângela.

Do TJMT