O projeto Cores da Igualdade, criado por alunos e professores do curso de Direito da Universidade de Fortaleza (Unifor), foi um dos destaques da edição 2024 do Prêmio Conciliar é Legal, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A iniciativa, vencedora na categoria Ensino Superior, é exemplo do tipo de prática inovadora que o CNJ busca reconhecer com a edição 2025 do prêmio, cujas inscrições estão abertas até 7 de novembro.
Promover a educação antirracista desde a adolescência, com base na Comunicação Não Violenta, para fomentar o diálogo sobre racismo, inclusão e equidade racial, é o principal objetivo do Cores da Igualdade. O projeto foi desenvolvido para estudantes do ensino médio das redes pública e privada de Fortaleza e demonstra como a educação pode ser um caminho eficaz de prevenção e mediação de conflitos sociais.
O prêmio, concedido anualmente pelo CNJ, reconhece iniciativas que contribuem para a pacificação de conflitos e o fortalecimento da cultura de conciliação em diferentes contextos. Assim como o Cores da Igualdade, as práticas inscritas devem apresentar resultados concretos de transformação social e promoção do diálogo.
Educação antirracista e protagonismo estudantil
O Cores da Igualdade atua por meio de cartilhas e jornais educativos, promovendo ações interativas entre os alunos como resposta às vulnerabilidades sociais provocadas pelo racismo. De acordo com a coordenadora do projeto, professora dra. Bleine Caúla, a iniciativa — criada em 2024 — é contínua e tem foco na promoção da igualdade racial por meio da educação e da produção colaborativa de conteúdo.

Inserido na disciplina Direito e Gestão Consensual de Conflitos, ofertada no primeiro semestre do curso de Direito da Unifor, o projeto estimula os próprios universitários a atuarem como mediadores e protagonistas nas ações desenvolvidas com escolas parceiras.
Durante o primeiro semestre de 2025, foram produzidos dois jornais temáticos intitulados Cores da Igualdade, elaborados por diferentes turmas. Os estudantes criaram os conteúdos sob supervisão docente. As publicações homenagearam personalidades negras de destaque, como a jornalista Maju Coutinho e cientistas brasileiras, reforçando a representatividade e o protagonismo negro. “O formato jornalístico foi escolhido por ser mais acessível e estimulante para os jovens leitores”, explicou Caúla.
Até o momento, cinco instituições de ensino já foram beneficiadas, alcançando cerca de 500 alunos de Direito e 1.500 estudantes de escolas de ensino médio. Segundo Bleine Caúla, o diálogo entre universitários e estudantes do ensino médio ocorre em tom de igualdade. “O racismo não será combatido apenas com leis e punições, mas com educação. Os alunos impactados pelo projeto receberam a cartilha Cores da Igualdade, que aborda as várias formas de racismo presentes na sociedade — do estrutural ao institucional, na saúde, na moda, na estética, na escola, no trabalho e na política”, destacou.
Expansão
No segundo semestre de 2025, o projeto ampliou sua atuação ao abordar o racismo no futebol, tema de grande relevância social. Com autorização institucional, os alunos iniciaram a produção do jornal Cores da Igualdade e Boas Práticas, reunindo iniciativas de clubes e empresas que promovem a inclusão.
Em pouco mais de um ano, o projeto já promoveu integração entre alunos de diferentes classes sociais, estimulou o protagonismo estudantil e contribuiu para a construção de uma cultura de paz.
Edição 2025 do Prêmio Conciliar é Legal
As inscrições para a edição 2025 do Prêmio Conciliar é Legal seguem abertas até 7 de novembro. Promovido pelo CNJ, o prêmio reconhece boas práticas que contribuam para a pacificação de conflitos e o aprimoramento do Poder Judiciário.
Podem participar magistrados, servidores, instrutores, advogados, professores, estudantes, tribunais, instituições de ensino, empresas e entes privados. As inscrições devem ser realizadas no formulário disponível no site do CNJ, mediante apresentação de práticas de resolução de conflitos com resultados comprovados — individuais ou coletivos.
Nesta edição, o prêmio contempla sete categorias na modalidade Boas Práticas: (1) Tribunal, (2) Juiz Individual, (3) Instrutores, (4) Ensino Superior, (5) Mediação Extrajudicial, (6) Demandas Complexas e (7) Advocacia. Também haverá a modalidade Produtividade, com base em dados que demonstrem a consolidação da Política Judiciária Nacional de Tratamento dos Conflitos em cada ramo da Justiça.
Texto: Ana Moura
Edição: Beatriz Borges
Revisão: Caroline Zanetti
Agência CNJ de Notícias
