Em dois dias do “PopRuaJud Sampa 6” e da “3.ª Semana Nacional do Registro Civil — Registre-se!”, que ocorrem simultaneamente na Praça da Sé, em São Paulo/SP, mais de 3 mil atendimentos foram prestados pelos órgãos participantes. O mutirão segue até sexta-feira (16/5).
A força-tarefa instalada no centro da cidade tem a finalidade de garantir à população em situação de rua e em vulnerabilidade acesso à Justiça, emissão de documentos, assistência social e saúde por meio da atuação conjunta de mais de 30 instituições públicas e organizações da sociedade civil.
“A cada edição, a demanda só aumenta. Estou surpresa com a quantidade de pessoas que ainda se encontram em total situação de vulnerabilidade, sem documentação e com dificuldades para exercer a cidadania”, disse a juíza federal Raecler Baldresca.
A magistrada ressaltou que o aprendizado adquirido em edições anteriores ajuda na dinâmica do atendimento. “No início, a população em situação de rua tinha muita desconfiança sobre esse trabalho e falta de informação. Agora isso mudou. Além disso, a interlocução entre as instituições foi aprimorada tornando o atendimento mais especializado para esse grupo de pessoas”.
Esta é a sexta edição do evento na capital paulista, coordenada pelo Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3) com a colaboração do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (TRT-2), do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo (TJMSP).
Atendimentos
Luiz Cornélio da Silva, 50, sofreu em 2011 um acidente de trabalho que o deixou impossibilitado de exercer a profissão e, para piorar, levou um golpe de uma advogada quando deveria receber a indenização. Desde então, passa por dificuldades. “Operei a coluna três vezes, tirei uma costela e o rim esquerdo. Por conta disso, perdi minha mulher e meus filhos e acabei em situação de penúria total, morando na rua. Vim ao mutirão para ver se consigo resolver essa situação”, disse.
Zelaine da Mata Silva, 43, nasceu em João Pessoa, na Paraíba, e mora em São Paulo há 11 anos. Foi ao PopRuaJud para tirar a certidão de nascimento, que havia sido roubada. “Fiquei sabendo do evento e vim correndo para cá. Acho muito bom porque ajuda bastante”.
Gabriele Nicolly Sena, 27, é do Amapá e esteve no local para tirar a certidão de nascimento e o RG. “Estou morando em um hotel para pessoas em situação de vulnerabilidade. É maravilhoso um evento como este”.
Maria Izaura Ferreira de Souza, 63, nasceu em Presidente Venceslau/SP. Aproveitou a ação para buscar serviços como orientações sobre moradia, saúde e documentos. “Minha situação está péssima. Preciso colocar minha vida em ordem e encontrar uma moradia. Aqui fui bem atendida e consegui receber muita ajuda”.
A estudante de Direito da PUC/SP Maria Eduarda Detoni, 20, está no PopRuaJud pela primeira vez atuando no atendimento. “Achei interessante a proposta de oferecer serviços para quem está em situação de rua. É uma experiência muito valiosa, nos traz conhecimento sobre a cidadania e a realidade dessas pessoas”.
