Manual orienta Judiciário na garantia de direitos de comunidades quilombolas

Você está visualizando atualmente Manual orienta Judiciário na garantia de direitos de comunidades quilombolas
Quilombo Dona Bilina, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou publicação que reúne diretrizes e procedimentos para garantir o acesso à Justiça por pessoas e comunidades quilombolas. O Manual de Implementação da Resolução CNJ n. 599/2024 marca a consolidação da Política Judiciária Nacional de Atenção às Comunidades Quilombolas e reafirma o compromisso com a equidade racial e a reparação histórica.

O documento orienta magistradas, magistrados e demais integrantes do sistema de justiça sobre a aplicação da Resolução CNJ n. 599/2024, a partir de fundamentos técnicos, jurídicos, antropológicos e legais. O manual também apresenta exemplos práticos e referências teóricas para apoiar decisões mais sensíveis às especificidades culturais e territoriais das comunidades quilombolas. Com linguagem acessível, a publicação também reforça o papel do Judiciário na promoção da escuta ativa e do diálogo intercultural com essas comunidades.

De forma direta, o documento elenca as principais inovações trazidas pela Resolução, sendo algumas delas o estímulo para a realização de mutirões e ações de Justiça Itinerante em territórios quilombolas; a previsão de consulta prévia, livre e informada em processos que afetem as comunidades; a previsão de atendimento diferenciado para mulheres, crianças e pessoas com deficiência quilombolas; e a inclusão de campos étnico-raciais nos sistemas informatizados do Judiciário.

De acordo com o conselheiro do CNJ João Paulo Schoucair, que relatou a resolução, o manual “apoia e orienta a atuação judiciária qualificada, podendo fortalecer a coerência institucional, reduzir desigualdades, enfrentar o racismo institucional e assegurar maior efetividade ao direito de acesso à Justiça”. O documento é um dos resultados do Grupo de Trabalho criado pelo CNJ para melhorar a atuação do Poder Judiciário em ações que envolvam posse, propriedade e titulação dos territórios quilombolas, que teve seu relatório final publicado em dezembro de 2024.

A norma também prevê o uso de perícias antropológicas, mecanismos de monitoramento de litígios fundiários e a formação continuada de magistradas, magistrados, servidoras e servidores sobre as perspectivas quilombolas.

O Manual de Implementação da Resolução CNJ n. 599/2024 foi elaborado pelo Programa Justiça Plural, uma parceria de cooperação internacional entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) que busca fortalecer as capacidades do Poder Judiciário na promoção dos direitos humanos e socioambientais e na ampliação do acesso à Justiça por populações estruturalmente vulnerabilizadas.

Texto: Lali Mareco
Edição: Sâmia Bechelane
Agência CNJ de Notícias

Macrodesafio - Garantia dos direitos fundamentais