A equipe do Justiça Terapêutica comemorou na semana passada um ano de implantação do programa, que visa oferecer tratamento ao usuário de drogas que cometeu um crime. Durante o período, foram realizados 1.125 atendimentos individuais e promovidos 164 grupos de reflexão, sendo 144 grupos de reflexão semanais, 10 grupos de acompanhamento mensais, e 10 grupos de acolhimento mensais. A coordenadora do Justiça Terapêutica, juíza Maria Umbelina Zorzetti, ressaltou que o resultado foi extremamente positivo, apesar das dificuldades enfrentadas, do número reduzido de profissionais e de uma rede parceira frágil em razão da deficiência do poder público no oferecimento de unidades de tratamento em dependência química.
“Apesar dessas dificuldades, nossa equipe de profissionais da área de psicologia social conseguiu oferecer um atendimento excepcional a todos os beneficiários do programa, que foram encaminhados pelos juízes criminais e também por demanda espontânea”, disse a magistrada Maria Umbelina Zorzetti. Ela ainda frisou que os atendimentos primaram pelo respeito e amor e favoreceram a criação de vínculo dos dependentes com o programa para iniciarem um processo de conscientização em relação à doença da qual são portadores e da necessidade de tratamento.
A expectativa de Zorzetti e de toda a equipe, formada por 16 profissionais, é que haja uma diminuição da criminalidade com a continuidade do programa. “Nós sabemos que a droga está presente em cerca de 90% dos crimes praticados”, pontuou. Os dados do programa são tão bons que a previsão é expandir a proposta já no ano que vem para comarcas do interior, conforme prevê o plano estratégico do biênio 2011-2013 do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). A juíza destacou que o desafio é atender mais jovens que se envolvem em crimes e têm algum tipo de dependência química.
Em pesquisa realizada por um estagiário do programa, foi constatado que o perfil do beneficiário do Justiça Terapêutica é homem solteiro, com idade entre 18 e 30 anos, ensino fundamental incompleto, morador de bairros da periferia, dependente químico de crack e álcool ou maconha e álcool. Além disso, está desempregado ou atua em subemprego e foi detido por roubo ou posse de maconha. A realidade ainda mostra que esse dependente está inserido em famílias que recebem entre 2 e 5 salários mínimos.
Presente à solenidade, o presidente do TJGO, desembargador Vítor Barboza Lenza, à pedido da coordenadora do projeto, se comprometeu a entregar placa com os nomes dos membros da equipe do programa. Porém, explicou que não é possível a realização de concurso nesse ano para a área psicossocial, mas que a oportunidade pode surgir no próximo ano. Também estavam presentes os juízes Oscar de Oliveira Sá Neto e Carlos Elias da Silva e o juiz auxiliar da Corregedoria, Wilson Dias. Na ocasião, 15 parceiros foram homenageados com o título Amigo do Programa Justiça Terapêutica, dentre eles os três juízes citados, a diretora de Recursos Humanos do TJGO, Márcia Faiad, o coordenador de Gestão de Qualidade da Secretaria de Gestão Estratégica do TJGO, Luis Scartezini, o Conselho da Comunicade, e a presidente do Conselho da Comunidade, Irmã Petra Sílvia Pfaller.
Vivências – O juiz Oscar de Oliveira Sá Neto declarou que todos os juízes deveriam estar no evento para perceberem a importância do programa e sentirem como é contagiante perceber a recuperação de pessoas que se envolveram com drogas e crimes. Segundo ele, aqueles réus que tiveram a oportunidade de receber tratamento, voltam para agradecê-lo e até rezar com ele.
Um desses, após se tornar beneficiário do Justiça Terapêutica, optou pela recuperação e está firme no propósito de reconstruir sua vida e cuidar da família. Presente ao evento, o rapaz contou sua história e o envolvimento com drogas desde os 18 anos, quando também foi preso, e agradeceu aos membros do projeto por terem o acolhido quando estava “no fundo do poço”.
Outro beneficiário também dividiu sua experiência e o sofrimento dos pais, que tinham medo de serem roubados por ele. “Vivia bêbado e drogado, mas descobri no Justiça Terapêutica a vontade de viver. Agradeço à equipe do Justiça Terapêutica e por eu ter tirado do meu dicionário as palavras não sou capaz”, disse o jovem, frisando que quer fazer faculdade de Direito e se tornar advogado.
Voluntária – Na oportunidade, vários profissionais do programa explicaram suas atividades e ressaltaram o compromisso com a iniciativa, que também já promoveu 29 visitas aos domicílios dos beneficiários e sensibilização ao tratamento, 37 visitas institucionais e outras quatro visitas em Instituições do interior. Ao final, a psicóloga Thayssa Maria Garcia Moyana frisou que apesar de todo o empenho dos profissionais do programa, “o mais importante é o empenho individual em querer viver”.
A equipe do Justiça Terapêutica é formada pelos psicólogos Alcione Marinho Silva (voluntário), Kátia Abdala Tuma Mendonça, Valéria Rezende e Thayssa Moiana, a médica psiquiátrica Manoela Rodrigues, a administradora Kamilla Melo Pina Dias, as assistentes sociais Meirineuza Melo Duque e Monica Vieira da Silva Borges, a pedagoga Ana Paula Vilela Leite, o policial Laziomar Oliveira da Silva e os estagiários Gracielle Vieira Arruda, Gyselly Fernandes Silva, João Paulo de Carvalho Maschio, Haroldo Niemeyer Resende e Sirley Campos Castro.
Fonte: TJGO