Na última sexta-feira (11/4), 108 internos aguardavam sua vez para dar entrada em certidões de nascimento, casamento, divórcio, pedidos de tutela e guarda, entre outros pedidos. Eles sabem que os documentos serão necessários ao saírem da Penitenciária Alfredo Trajan, momento pelo qual todos ali esperam ansiosos. Enquanto a data não chega, alguns aproveitaram a ida do ônibus da Justiça Itinerante à unidade para fortalecer laços já conquistados para a vida futura e se casaram.
Marcos Vinicius da Silva de Souza, de 26 anos, conta que conheceu a namorada há sete anos, quando fazia o Ensino Médio e ainda estava livre. “Há muito tempo pensávamos em nos casar, mas inicialmente queríamos que fosse na igreja. Enquanto estou aguardando a passagem para o regime semiaberto, felizmente surgiu esta oportunidade de fazer o registro civil da nossa união. Eu nunca mais quero sair de perto dela. Hoje é o dia mais feliz da minha vida”, afirmou Marcos. Vestida de noiva, Thaíssa abriu um sorriso e declarou-se ao amado: “Estava muito ansiosa para casar com o homem da minha vida”.
Já Leon Calado Bastos, de 20 anos, aproveitou a oportunidade para pedir uma nova via da certidão de nascimento, necessária para a emissão da segunda via da identificação e do CPF. “A documentação vai me ajudar a recomeçar a vida. Enquanto isso, estou estudando Recursos Humanos e pretendo fazer os outros 12 cursos oferecidos aqui, pois vão me ajudar a reduzir a pena. Espero conseguir minha liberdade em 2027 e recomeçar”, enfatizou Leon.
Nesta edição, a equipe da Justiça Itinerante contou com novos reforços. As juízas Monalisa Artifon, Paula Lovato e Lorena Reis, respectivamente da Vara Criminal de Angra dos Reis, II Vara de Seropédica e da III Vara da Infância e Juventude de Madureira. Elas conheceram os serviços prestados pela Justiça Itinerante para populações vulneráveis em workshop realizado para novos juízes no início de abril, com a presença da desembargadora Cristina Tereza Gaulia, coordenadora do programa.
“Estivemos em workshop sobre a iniciativa no dia 4 passado, onde pudemos conhecer como funciona o projeto e a sua abrangência. Isso foi determinante para nos engajarmos na ação. O trabalho na vara criminal, no dia a dia, pode ser triste. A gente vê as pessoas saindo de lá, às vezes condenadas, vemos famílias chateadas por estarem naquela situação. Então, participar de um projeto como esse, em que a Justiça se concretiza aqui e agora, na nossa frente, é uma outra forma de trabalhar com a Justiça, que é muito enriquecedora e gratificante, que realmente faz sentido para mim. Hoje, minha sensação é de gratidão por poder participar desse momento alegre e único na vida dessas pessoas”, destacou a juíza Paula Lovato.