Acessibilidade além de rampas: palestra debate barreiras na comunicação

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Na última terça-feira, 27/5, aconteceu o workshop Trilhando a Acessibilidade: um caminho à inclusão, promovido pelo Setor de Acessibilidade e Inclusão do Conselho Nacional de Justiça (SEACE/CNJ), com o apoio da Comissão de Acessibilidade do CNJ.  

A oficina foi conduzida pela facilitadora Flávia Cortinovis, que iniciou o encontro fazendo sua autodescrição, ação necessária às pessoas com deficiência visual. A palestrante agradeceu ao presidente do Conselho, o ministro Luís Roberto Barroso, por colocar a pauta da Linguagem Simples em evidência no Judiciário. “Somos um país muito desigual, e a Linguagem Simples é totalmente relacionada à democracia”, apontou. 

Em um breve contexto histórico, a palestrante afirmou que, até a Segunda Guerra Mundial, pessoas com deficiência eram totalmente excluídas da sociedade. Após soldados voltarem mutilados dos conflitos, necessitando de reabilitação, a Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu que os países estabelecessem políticas públicas voltadas a essa parcela da população. 

Flávia trouxe também os conceitos de alguns termos, como exclusão, segregação, integração e inclusão, que se referem à participação e ao tratamento de pessoas com deficiência na sociedade. “Não basta chamar para a festa, tem que chamar para dançar”, afirma Flávia, citando Vernā Myers, vice-presidente de estratégia de inclusão da Netflix, ao debater sobre a efetiva inclusão de pessoas com deficiência.  

Durante o encontro, ela falou sobre a evolução da terminologia ao se referir a uma pessoa com deficiência. “A deficiência é uma característica, não é passageira. Não existe portador de necessidades especiais para pessoas com deficiência”, comenta. Outro ponto relevante abordado foram os dispositivos legais que garantem direitos a essa parcela da população, como a Lei Brasileira de Inclusão e o Decreto n. 6949/2009. 

“Temos um olhar de que a pessoa com deficiência é incapaz ou é um exemplo de superação”, comenta Flávia ao falar sobre o capacitismo. Com tirinhas humorísticas, ela trouxe exemplos de como a discriminação acontece na prática, além de exemplos de atitudes capacitistas e opções para substituir os termos preconceituosos do cotidiano.  Confira alguns exemplos na tabela abaixo: 

Acessibilidade Comunicacional 

Ao refletir sobre o tema, imediatamente se fala em rampas, elevadores e banheiros adaptados, mas a acessibilidade vai muito além disso. Romeu Sassaki, conhecido como o “pai da inclusão”, dividiu a acessibilidade em sete dimensões: arquitetônica, atitudinal, comunicacional, metodológica, natural, programática e instrumental. “Só quando conseguirmos olhar para as sete dimensões, teremos uma acessibilidade para todas as pessoas”, reflete a palestrante. 

O ponto principal do encontro foi a acessibilidade comunicacional, que é a eliminação de barreiras de comunicação interpessoal, escrita e virtual. Ela pode ser alcançada por meio de ferramentas como audiodescrição, libras, legendas, impressões em Braile, fonte ampliada, contraste, além de outras tecnologias assistivas.  

O uso de linguagem simples também é um aliado na luta por acessibilidade. A palestrante deu dicas de como escrever de forma mais clara e objetiva, seguindo as diretrizes da Linguagem Simples, além de dicas de como utilizar o design das artes e a diagramação dos textos como ferramentas para tornar as informações mais compreensíveis a todos. 

Ao final da oficina, os participantes presenciais foram presenteados com uma versão impressa do guia Simples Assim: comunique com todo mundo, de autoria de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No documento, é possível encontrar informações e exemplos práticos sobre a produção de textos simples, desenhos simples e validação. 

Conheça a cartilha 

Texto: Tatiana Vaz
Edição: Mirela Lopes
Comunicação Interna