Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

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O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado no último dia 11 de fevereiro, foi estabelecido em 2015 pela Organização das Nações Unidas, por meio da Resolução A/RES/70/212, buscando enfrentar a desigualdade de gênero nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Segundo a ONU, as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores globalmente. Apenas 3% dos Prêmios Nobel em ciências foram concedidos a mulheres. No entanto, a Unesco antecipa que as STEM serão responsáveis por 75% dos empregos até 2050. Essa data não apenas destaca a desigualdade, mas também busca promover a participação plena e igualitária das mulheres na ciência e na tecnologia, reconhecendo seu papel fundamental. 

Nos últimos anos, temos visto um aumento significativo na participação feminina na ciência, mas ainda há barreiras substanciais a serem superadas para além das áreas relacionadas a STEM. Em muitas organizações, as mulheres enfrentam desafios para ingressar em cargos de importância, limitando seu potencial e impacto no cenário científico. Essas dificuldades não estão relacionadas à capacidade intelectual, mas refletem desigualdades estruturais e culturais. 

Um dos principais obstáculos é a persistência de estereótipos de gênero arraigados, que moldam expectativas e influenciam decisões de recrutamento e promoção. A sociedade muitas vezes espera que as mulheres desempenhem papéis tradicionalmente associados ao cuidado e à família, o que pode dificultar sua ascensão na carreira. É crucial que todos promovam uma cultura inclusiva, desafiando esses estereótipos e reconhecendo o valor intrínseco da diversidade de gênero no ambiente científico. 

 A necessidade de conciliar responsabilidades familiares com uma carreira científica muitas vezes resulta em escolhas difíceis e, por vezes, na renúncia a oportunidades de avanço profissional. Para superar esse obstáculo, torna-se imperativo adotar medidas proativas que visem criar ambientes de trabalho flexíveis e inclusivos, reconhecendo e respeitando as necessidades individuais das mulheres, promovendo assim uma verdadeira equidade de oportunidades. 

Outro desafio significativo é a falta de representação feminina em posições de liderança. A escassez de modelos femininos bem-sucedidos pode limitar as aspirações das mulheres na ciência e no trabalho, já que a falta de visibilidade pode perpetuar a ideia de que essas carreiras não são acessíveis a elas. A implementação de medidas para garantir uma representação equitativa em todos os níveis hierárquicos, promovendo mentorias e programas de desenvolvimento de liderança específicos para mulheres na ciência e no trabalho, é uma boa alternativa para o combate a essa realidade. 

A construção de uma rede de apoio feminina emerge também como uma peça essencial no quebra-cabeça da igualdade de gênero no ambiente científico. A sororidade e a união entre mulheres desempenham um papel fundamental, oferecendo um espaço seguro para compartilhar experiências e desafios. Ao nomear e descrever as situações enfrentadas como sintomas de desigualdade social, as mulheres podem não apenas aliviar o peso imposto a si mesmas, mas também promover uma compreensão coletiva que contribui para a saúde mental e profissional. É imperativo destacar que a participação ativa dos homens nesse processo é crucial. Ao se tornarem aliados, os homens podem contribuir para a desconstrução de estereótipos de gênero, promovendo ambientes de trabalho mais inclusivos e equitativos.  

Alguns sintomas sociais que reverberam como realidades na vida profissional feminina podem ser definidos como: 

Piso Pegajoso: representa um conjunto de desafios que muitas mulheres enfrentam ao longo de suas carreiras científicas e laborais. Essas barreiras incluem estereótipos de gênero e expectativas sociais que as direcionam para áreas específicas, frequentemente menosprezando seu potencial em campos e posições consideradas mais tradicionalmente associadas aos homens. Essa aderência inicial cria obstáculos à diversificação das escolhas profissionais, limitando as oportunidades para as mulheres explorarem todo o espectro de disciplinas científicas e do trabalho. 

Teto de Vidro: persiste como uma realidade em muitas organizações, representando barreiras invisíveis que impedem a ascensão das mulheres a cargos de liderança. A existência desse teto é evidenciada pela limitação no acesso a oportunidades de promoção e a falta de representatividade em decisões estratégicas, contribuindo para a perpetuação das desigualdades de gênero. 

Abelha Rainha: descreve a persistente visão das mulheres como exceções, em vez de representantes comuns, no cenário científico e de liderança. Encontrando-se frequentemente isoladas em ambientes predominantemente masculinos, as mulheres enfrentam a pressão adicional de representar toda a sua categoria, impondo um fardo significativo. Reconhecer e desmantelar essas expectativas é essencial para permitir que as mulheres se destaquem por suas realizações sem carregar o peso injusto da representação de gênero em seus ombros. 

Ao celebrarmos o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, reconhecemos as conquistas notáveis e a necessidade de superar os desafios que ainda persistem. É hora de agir, criando ambientes de trabalho mais inclusivos, desafiando estereótipos e promovendo a igualdade de oportunidades. Ao fazer isso, não apenas capacitamos as mulheres na ciência, mas também no trabalho, e fortalecemos a base do conhecimento científico e laboral global. 

Texto: SEQVT

 

Referências: 

BELLO, Alessandro. Las mujeres en ciencias, tecnología, ingeniería y matemáticas en América Latina y el Caribe. ONU Mujeres, América Latina e Caribe, 2020. Disponível em: https://lac.unwomen.org/es/digiteca/publicaciones/2020/09/mujeres-en-ciencia-tecnologia-ingenieria-y-matematicas-en-america-latina-y-el-caribe. Acesso em: 16 de fev. de 2024.  

DIA Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências. USP Mulheres, São Paulo, 12 de fev. de 2021. Disponível em: http://uspmulheres.usp.br/dia-internacional-das-mulheres-e-meninas-nas-ciencias/. Acesso em: 16 de fev. de 2024.