Detentos do Distrito Federal encontraram o caminho da ressocialização transformando placas de sinalização velhas em lixeiras de metal. A atividade de reciclagem resulta de parceria entre a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (SESIPE), Secretaria de Transportes e três cidades situadas ao redor de Brasília.
Para o serviço de reciclagem, as placas de sinalização são fornecidas pela Secretaria de Transportes. As lixeiras são fabricadas por oito detentos, dos quais seis estão no regime semiaberto, ou seja, com autorização para o trabalho externo. Os outros dois, portadores de transtornos mentais, são submetidos a medidas de segurança. Em dois meses de trabalho, já produziram 110 lixeiras, que ajudam a manter limpas as cidades-satélites Gama, Santa Maria e Varjão.
“Estamos recebendo várias encomendas, e nossa produção deve chegar a 500 unidades até o fim deste ano”, informa William Pereira Monteiro, coordenador do projeto, acrescentando que, além da oportunidade de ressocialização dos internos, outro benefício é a economia para as cidades: cada lixeira produzida pelos detentos tem custo de R$ 9, enquanto uma do modelo industrial sai, em média, por R$ 350.
Os oito detentos ocupados na produção passaram por capacitação profissional oferecida pela SESIPE. São seis serralheiros, um pintor e um lixador. Os que estão no regime semiaberto, conforme a legislação penal brasileira, reduzem a pena em um dia a cada três trabalhados. Os submetidos a medidas de segurança, por sua vez, têm no trabalho a chance de reduzir sua agressividade.
“É uma iniciativa simples, mas que tem dado bons resultados. Quando a sociedade oferece uma oportunidade de trabalho, o detento que agarra essa oportunidade será um criminoso a menos a oferecer risco para nossos familiares. Temos o exemplo de seis ex-detentos que, após receberem capacitação profissional, conseguiram colocação no mercado de trabalho e não voltaram a cometer crimes”, conta o coordenador William Monteiro. Ele explica que a própria SESIPE se encarrega de articular oportunidades de trabalho junto ao empresariado do DF.
A iniciativa do Distrito Federal vai ao encontro dos princípios do Programa Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O programa busca sensibilizar instituições públicas e privadas sobre a importância da oferta de capacitação profissional e de trabalho para a ressocialização de detentos e egressos do sistema carcerário.
Jorge Vasconcellos
Agência CNJ de Notícias