Busca ativa para adoção: um caminho para proporcionar um encontro familiar

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Imagem: TJRO
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“O que não é visto não é amado”. A frase é usada pelos profissionais que trabalham diariamente com dramas de crianças que são abandonadas, negligenciadas ou sofrem abusos e acabam na fila da adoção. Por não se encaixarem em perfis desejados por pretendentes enfrentam mais tempo em unidades acolhedoras, privadas do direito de ter uma família.

“Caso fossem vistas, as famílias que preenchem os cadastros poderiam mudar de opinião sobre o perfil pretendido”, enfatiza a psicóloga Fátima Batista, coordenadora da Seção de Colocação Familiar da Vara de Proteção à Infância e Juventude de Porto Velho (RO). Para exemplificar, ela resgata as histórias de várias crianças, que mesmo com mais idade ou com algum tipo de deficiência,  depois de conhecidas pelas famílias foram finalmente adotadas.

É o caso de Elisa, uma vítima da enchente de 2014, em Porto Velho. Em razão da queda do berço e afogamento, tornou-se uma criança com sérios comprometimentos neurológicos. A adoção da criança especial parecia distante, até que a equipe adotou uma estratégia mais incisiva: a “busca ativa”, que consiste em divulgar imagens e a história da criança em grupos de interesse em adoção e até de forma mais ampla. Elisa foi adotada por uma família de São Paulo (SP), que veio até à instituição Família Roseta para buscá-la.

“Não se trata de expor a criança, mas sim dar a ela uma chance maior de encontrar uma família. Tenho esperança de esvaziarmos as casas de acolhimento e encontrar um lar para todas as crianças”, defende a juíza Euma Tourinho, para quem a metodologia é uma saída para a conta que não fecha.

Atualmente, o número de adotantes habilitados é 5 vezes maior que o número de crianças cadastradas no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Porém, em razão do perfil apontado pelos pretendentes, essas crianças não são adotadas.

A busca ativa proporciona que crianças e adolescentes denominados “de difícil colocação”, como grupos de irmãos que não devam ser separados, crianças acima de 8 anos ou com deficiências físicas e/ou mentais, exerçam seu pleno direito a ter uma família.

Foi o caso de Rainá e Paulo, que adotaram Luiz Davi, Samuel e Moisés. “Nossa intenção era adotar o Moisés, porque sabíamos que, sendo autista, era muito difícil encontrar uma família. Durante o processo, os irmãos nos  conquistaram. O amor não necessariamente tem que vir do sangue. Existem mil outras formas de você encontrar o seu filho, e essa foi a forma que nós encontramos os nossos”, disse Rainá.

Yasmim

A mais nova aposta da equipe é Yasmim, uma menina de 10 anos, há cinco em unidade de acolhimento. Portadora da síndrome de down, já passou por uma tentativa de adoção, que não deu certo. Sua história está sendo divulgada para que mais famílias pretendentes a conheçam e deixem-se adotar pela pequena e sorridente Yasmim.

Live entre os tribunais

Os tribunais de Justiça de todo o país promovem, na segunda-feira (25/5), quando se comemora o Dia Nacional da Adoção, uma live sobre o tema. A ideia é uma grande ação, movimentando os perfis do Instagram do CNJ e dos tribunais brasileiros, para promover a reflexão sobre a adoção.

A live começa no perfil do CNJ, às 12h30, com o tema sobre o Sistema Nacional da Adoção e Acolhimento (SNA), falando por 15 minutos. Em seguida, ainda no perfil, o Conselho Nacional de Justiça convida o Tribunal de Justiça de Goiás. O debate segue por mais 15 minutos. O CNJ termina sua live e o TJGO inicia uma nova, convidando o TJ do Rio Grande do Sul. Depois, o TJGO termina a live e o TJRS convida o TJ Alagoas e segue pela tarde com os demais tribunais, movimentando todos os perfis.

O TJ de Rondônia é o penúltimo a entrar nessa corrente do bem. A convidada do nosso estado é a juíza Euma Tourinho, titular da Vara de Proteção à Infância e Juventude de Porto Velho, que falará sobre o tema ”Crianças maiores ou com perfis especiais”. Euma Tourinho convidará o juiz Iberê Castro, do TJ de São Paulo, que encerra a live convidando uma família de adotantes.

A live do TJRO começa às 17h15, e encerra às 17h45 (horário local).

Fonte: TJRO