Boa Vista (RR) estimula vínculo afetivo nas famílias

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Para superar a situação de vulnerabilidade social que alcança inúmeras crianças de Boa Vista (RR), a prefeitura criou o programa Família Que Acolhe (FQA). A iniciativa reforça nas famílias a importância da atenção com o cuidado, carinho, afeto e amor para com as crianças de zero a seis anos. O objetivo é, a partir do fortalecimento dos vínculos de afeto, superar a desestruturação familiar e criar um ambiente que possibilite a formação de adultos mais preparados emocional e psicologicamente.

Lançado em 2013, o FQA é uma política pública para a primeira infância que faz o acompanhamento da mãe e da criança. Ele totaliza mais de 15 mil mães cadastradas e mais de 17 mil crianças atendidas por equipes multidisciplinares composta por psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, médicos, pediatras e dentistas.

As famílias ainda têm acesso à Universidade do Bebê, que oferece palestras adequadas ao momento que a mãe e a criança vivenciam com orientação sobre cada etapa do desenvolvimento infantil, desde a gestação até o sexto ano de vida. Os participantes também são esclarecidos sobre a necessidade e importância de criação de vínculos afetivos, amamentação e cuidados com higiene e saúde.

De acordo com a secretária de Projetos Especiais da Prefeitura de Boa Vista, Thaissa Pereira Cardoso, o FQA alcança os pais e todos os membros da família que se relacionam com a criança. “O programa produz resultados positivos para as crianças e para toda família. Os pais participam e podemos observar uma mudança no comportamento deles. Passam a ter uma visão diferente do papel que devem desempenhar na família, no relacionamento com a esposa e filhos”, afirma.

A partir dos dois anos de idade, as crianças participantes do FQA passam a ter acesso à rede de creches do município, conhecidas como Casas Mães. De acordo com Thaissa, a capital de Roraima conta com 40 creches para acolher as crianças atendidas pelo programa. Ela ressalta que o programa é regulamentado por uma lei própria e se insere no Plano Municipal da Primeira Infância. “O FQA já se integrou ao cotidiano do município e, todos os dias, cerca de 400 pessoas participam das atividades. Os beneficiários já desenvolveram uma noção de pertencimento, o que torna a iniciativa ainda mais forte”, diz.

Segundo a secretária, as mudanças se manifestam até na maneira de falar. “Os relatos das mães também comprovam que os filhos assumem outro procedimento quando recebem tratamento mais próximo da família e são acompanhadas pelas profissionais do programa”, conta. Thaissa aponta que chama atenção o fato de os homens também se interessarem por acompanhar os filhos atendidos pelo FQA. “Fizemos um levantamento para saber sobre o que os motivava e a maioria dizia que queriam conhecer mais sobre a criação dos filhos”, comemora.

No momento, o município desenvolve uma pesquisa em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) para avaliar os impactos da iniciativa. O objetivo, de acordo com a secretária, é ouvir as famílias e as crianças e, a partir dos resultados, conhecer a dimensão das ações e fazer os ajustes necessários. Thaissa explica que o FQA possui diferentes vertentes de atuação, inclusive orientação sobre planejamento familiar e orientação para se evitar gravidez na adolescência. “Roraima possui um elevado índice de adolescentes gravidas. É um fenômeno cultural, inclusive. O FQA também atua nessa questão, orientando as adolescentes e as famílias delas, mostrando como fazer a prevenção”, detalha.

O Família que Acolhe foi premiado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como exemplo de boa prática em favor da primeira infância. O programa obteve o segundo lugar na categoria Governo e recebeu troféu e certificado durante Seminário do Pacto Nacional pela Primeira Infância – Região Sudeste, realizado em dezembro passado em São Paulo.

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A secretária destaca que o resultado é gratificante. “A premiação fortalece a todos os profissionais do FQA e estimula a atuar com mais empenho para fazer mais e melhor. Se conseguimos mudar a vida de uma família, sabemos exatamente o impacto disso. E nosso trabalho fica mais fortalecido com esse reconhecimento”, afirma.

Jeferson Melo
Agência CNJ de Notícias