A estratégia do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de utilizar as obras de infraestrutura da Copa do Mundo 2014 para promover a reinserção social de detentos e egressos do sistema carcerário tem colhido importantes resultados. Um dos mais recentes é o convênio entre o Governo de São Paulo e a Odebrecht, firmado no final do mês passado, para o emprego de 300 egressos e 50 apenados em empreendimentos da construtora no estado. Um deles é a construção do futuro estádio do Corinthians, conhecido como Itaquerão, que será palco da abertura do mundial de futebol.
A contratação desse público para as obras da Copa atende ao Termo de Cooperação Técnica que o CNJ firmou, em janeiro de 2010, com o Comitê Organizador Local, o Ministério dos Esportes, além dos estados e municípios que vão receber a competição. Ele prevê que, nos empreendimentos com mais de 20 operários, 5% dos postos de trabalho sejam reservados para detentos, ex-detentos, cumpridores de penas alternativas e adolescentes em conflito com a lei.
Até o momento, além de São Paulo, o acordo com o CNJ está sendo cumprido em Brasília, Cuiabá, Salvador, Fortaleza, Rio Grande do Norte e Belo Horizonte. Nessas cidades, os canteiros de obras são o caminho para quem pretende reconstruir a vida longe do crime, devidamente integrado à sociedade.
“É uma experiência nova, uma oportunidade para eu seguir em frente e começar uma vida nova. Eu não posso deixar a bola cair”, disse, entusiasmado, um dos dez detentos que trabalham nas obras do Estádio Nacional de Brasília.
O Termo de Cooperação Técnica é uma das ações do Programa Começar de Novo, instituído pelo CNJ em outubro de 2009. O programa busca conscientizar a sociedade sobre a importância da oferta de oportunidades de capacitação profissional e de trabalho na prevenção da reincidência criminal.
Um dos coordenadores do Começar de Novo em nível nacional, o juiz auxiliar da Presidência do CNJ Márcio André Keppler Fraga, comemorou o convênio firmado pelo Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), com a Odebrecht.
“Este é um avanço bastante significativo para o programa. O convênio busca a reinserção social de detentos e egressos em uma das principais unidades da federação, e onde está a maior população carcerária do País. É um grande investimento no ser humano, na sociedade e na segurança pública”, disse o magistrado, que participou da solenidade de assinatura do convênio, realizada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e destacou a responsabilidade social da Odebrecht, parceira do Começar de Novo.
Jorge Vasconcellos
Agência CNJ de Notícias