Dez minutos de conversa e um aperto de mãos selaram o acordo entre as partes que discutiam um processo na Justiça há seis meses. O advogado Marcelo Nogueira elogiou a iniciativa do Poder Judiciário do Mato Grosso em realizar a Semana Nacional de Conciliação. “Pela primeira vez notei a vontade do banco. Fechamos o acordo rapidamente. Parabenizo a iniciativa do Judiciário e também do banco”, enfatizou o advogado, que representou seu cliente em um processo que estava na Justiça há seis meses.
Este foi um dos acordos concretizados pelas conciliadoras Waléria Martins Vieira e Cíntia Strejevitch. No primeiro dia da Semana Nacional de Conciliação, que está sendo realizado em todo o país, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Elas realizaram 19 audiências, alcançando 18 acordos. A outra equipe, responsável pela realização das audiências que envolvem os 100 processos do Banco do Brasil, também obteve excelente resultado. Das 18 audiências, 12 se converteram em acordos.
Os conciliadores explicaram que a maioria das ações envolvia pedidos de danos morais e materiais, e eram referentes a descumprimento de acordo, juros abusivos e devolução de cheques. Em um dos casos o banco compensou um cheque com valor a mais. O título, preenchido no valor de R$ 300,00, foi descontado com valor equivalente a R$ 500,00. Houve o reconhecimento do erro por parte do banco, que pagou a diferença de valores em dobro, além dos danos morais.
Resultados satisfatórios – A conciliadora voluntária Waléria Martins Vieira avalia como ótima a receptividade dos participantes. “A conciliação é a melhor forma de conseguirmos solucionar o conflito, pois obtemos resultados satisfatórios para ambas as partes envolvidas”, salientou. “A disposição do banco em fazer o acordo foi primordial para os resultados. Esta mudança de cultura deve ser de ambas as partes”, complementou a conciliadora Cíntia Strejevitch. Para o conciliador Diego Vitor Rodrigues Prudêncio, o reconhecimento dos equívocos ajudou na satisfação das partes. “As propostas também foram bastante próximas dos valores concedidos pelos juizados”, destacou.
Um dos supervisores de conciliação destacou o treinamento dos servidores que estão atuando no evento. Para Ademir Ajala, o treinamento é um diferencial para os resultados positivos. “Tivemos várias horas de treinamento com os conciliadores, envolvendo a realização de sessões de conciliação, que acabam sendo exigência para se tornarem, de fato, conciliadores e isto faz diferença. O domínio da técnica ajuda a contornar situações difíceis”, observou o supervisor.
Expectativa – O resultado obtido no primeiro dia já supera a expectativa da presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Poder Judiciário de Mato Grosso, desembargadora Clarice Claudino da Silva.
“Nossa expectativa é de que em 40% das audiências alcancemos o acordo entre as partes. É um investimento na pacificação social. Só assim conseguimos a satisfação dos dois lados. Com o emprego da cultura da sentença ou do litígio, há a insatisfação, o que gera grande número de recursos, sobrecarregando o Poder Judiciário. É uma saída para que tenhamos a resolução do conflito. Eu particularmente acredito muito na conciliação”, pontuou. Ela citou que já há planejamento para a realização de uma Semana de Conciliação específica sobre Dpvat e Sanecap, evento que pode ser realizado no ano que vem.
Do TJMT